Porque voltei a congregar na Igreja

Durante 10 anos fiquei afastado da comunidade cristã onde eu congregava. Durante este período, no início eu tentei viver a vida da igreja em pequenos grupos de casas, mas não durou muito tempo, depois tentei conhecer alguns outros grupos cristãos, mas também não prosperou, e por fim, andava por minha própria conta, acreditando que poderia tranquilamente guardar a fé em uma “carreira solo”, afinal de contas, eu pensava: conviver em uma comunidade, seja ela mais orgânica ou mais formal é muito complicado, e às vezes traz mais feridas do que benefícios.

Hoje olhando para trás, consigo traçar um paralelo entre a minha experiência e a experiência de Ló (Gn.13:5). Por causa de algumas dificuldades de convívio, Abraão e Ló decidem se separar. Ló ao se separar de Abraão, faz uma escolha errada e escolhe as terras baixas para se estabelecer e pouco a pouco vai se aproximando de Sodoma, e depois de algum tempo lá ele já está bem adaptado a cultura da região, a ponto dele ter muita dificuldade em abandonar aquele lugar.

Retornando para a minha experiência, nos últimos anos, eu já estava totalmente adaptado a uma vida fora da presença dos irmãos da igreja, já havia refeito todo o meu ciclo social, os meus finais de semana já estavam preenchidos e etc… já não sentia mais nenhuma falta, ou necessidade de conviver com os irmão da igreja. Não que eu considerasse que havia abandonado a fé, mas eu simplesmente aos poucos fui deixando de considerar.

O problema de se afastar de uma comunidade cristã, é que na maioria dos casos, aos poucos, sem perceber, você vai se aproximando de outras formas de convívio, essas outras formas de convívio, também aos pouco, vão fazendo você esquecer quem Deus é, e o que Ele fez e o que Ele está fazendo hoje.

Mas assim como na experiência de Ló, onde Deus, pela Sua misericórdia, envia dois anjos para salvá-lo da destruição de Sodoma, Deus enviou dois anjos para me resgatar da indiferença espiritual e de práticas que não glorificavam mais a Deus. Esses anjos foram minha esposa e meu filho.

Em um certo dia, fruto de uma experiência pessoal da minha esposa (em outra ocasião eu contarei a experiência dela), ela resolve voltar para a igreja, em uma atitude de consagração muito forte, a ponto de ser possível perceber que a esfera dentro de casa havia mudado. E ao retornar para a igreja, ela leva meu filho de 4 anos na época, que passa a gostar muito de frequentar a salinha de crianças, e passa a me convidar todo o final de semana para ir para as reuniões da igreja. Depois de recusar umas tantas vezes, passei a ficar constrangido, e passei a eventualmente aceitar o convite dele. No começo não me sentia a vontade, mas com o tempo, uma fagulha voltou a queimar no meu coração. De alguma forma aquele ambiente foi como um espelho, onde eu pude enxergar a minha atual situação, o que me proporcionou arrependimento. Creio que quando as pessoas se reúnem em nome de Cristo, existe uma benção especial naquele lugar, capaz de operar acontecimentos que não ocorreriam de outra forma.

Ló não deixou de pertencer a família de Abraão quando ele deixou a casa de Abraão, mas Ló perdeu uma coisa preciosa, que era a benção que estava sobre a casa de Abraão.

Quando deixamos de conviver com os irmãos, não deixamos de pertencer a família de Deus, e nem deixamos de ser amado por Ele, mas perdemos uma benção especial que é a benção do Salmo 133: “Oh! Quão bom e agradável é que os irmãos vivam em união… porque ali o Senhor ordena Sua benção e a vida para sempre.”

Um dos desafios da bíblia foi fazer com que os irmãos conseguissem viver em união: Caim teve inveja do seu irmão Abel a ponto de matá-lo, Esaú foi enganado pelo seu irmão Jacó e tentou matá-lo, os irmãos de José não suportaram o ar de superioridade de seu irmão e venderam-no como escravo, o irmão do filho pródigo não suportou o regresso do seu irmão, após desperdiçar toda a herança do seu Pai.

O único irmão na bíblia que conseguiu amar incondicionalmente seus irmãos, foi o nosso irmão mais velho: Jesus. Que Ele possa resolver todos os conflitos existentes entre os seus irmãos mais novos. Que Ele seja, não só o nosso exemplo, mas também o nosso mediador.

O nosso convívio com os irmãos em Cristo deve ser o suficiente para chorarmos com os que choram, alegrarmos com os que se alegram. E se qualquer ferida surgir, ela certamente será cicatrizada bem mais rápido no meu da congregação, onde o óleo da cura é derramado.

 

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