Fi de quem!?
Quem já passou, ou está passando, pelo ensino médio deve lembrar-se de Fibonacci, matemático italiano do século XIII que idealizou a célebre “seqüência de Fibonacciâ€. Essa seqüência é figura marcada nas lições de progressão, da matemática, nas classes de reprodução celular, da biologia, e podem ainda aparecer em alguma aula de ondulatória, de um professor de fÃsica mais criativo. É interessante, porém, que o verdadeiro nome do matemático, registrado em sua obra “Liber Abaci†(o Livro do Ãbaco), seja Leonardo Pisano. Leonardo teve contato com a matemática Ãrabe, a mais desenvolvida da idade média, pois seu pai, Guglielmo Bonacci, comerciante da cidade de Pisa, foi transferido como cônsul italiano para o norte da Ãfrica. Daà Leonardo, não obstante sua enorme contribuição à matemática ocidental, acabar historicamente consagrado como ‘Filho de Bonacci’, ou, como o conhecemos hoje, Fibonacci.
Jovem, como você é conhecido? Os jovens da década de 1980 gostavam de ser identificados como a “geração coca-colaâ€, os de 1990, como geração “cara-pintadaâ€. É difÃcil dar um nome à geração atual: você é da “geração da informaçãoâ€? Da “geração internetâ€? Nosso Pai celeste espera que não haja dúvida, antes, sejamos conhecidos como Filhos de Deus. Foi por isso que Ele, segundo a Sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança (1 Pe 1:3). Antes, éramos filhos da desobediência, seguindo o curso do mundo, e, por andar segundo as inclinações da carne, éramos naturalmente filhos da ira (Ef 2:2-3). Agora, porém, devemos andar de outra maneira, “pois, outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz†(Ef 5:8).
No seu dia a dia, talvez você sinta que será conhecido apenas como Tiago, Davi, Daniel, ou algo assim. Mas, na volta do Senhor, você perceberá que foi “historicamente consagrado†como ‘filho de alguém’. Leonardo Pisano, o famoso Fibonacci, morava na Ãfrica e aprendeu matemática em idioma Ãrabe, mas escrevia em Latim e assinava com o nome da cidade de seu pai. E quanto a você, Jovem? Que lÃngua você fala? Qual é a sua pátria? Qual é a sua origem e natureza? Quem é seu pai?
A vida e a natureza de Deus
Temos na BÃblia alguns exemplos de pessoas que eram conhecidas pelo nome de seus pais. Como é o caso de Simão Barjonas – que quer dizer ’filho de Jonas’, posteriormente chamado Pedro (Mt 16:17-18). Ele não se envergonhava de ser chamado assim, nem precisava esforçar-se para que isso ocorresse, pois tinha uma relação de vida com seu pai. Pedro, posteriormente, percebeu que nós também temos uma relação de vida com o Senhor. Por isso, mostrou-nos que O Senhor Jesus é a Pedra que vive, e nós, igualmente, como pedras vivas, podemos achegar-nos a Ele, e assim, sermos edificados, isto é, transformados, a fim de nos parecermos com Ele e manifestarmos Suas virtudes (1 Pe 2:4-5, 9).
No inÃcio de sua carreira cristã, Pedro era inconstante, ora lutando bravamente pelo Senhor, ora envergonhando-se de ser identificado com Ele (Mt 26:33-35, 51-52, 73-74). Todavia, depois de alguns anos, Pedro havia experimentado o Senhor, e podia dizer: “Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, Ele mesmo vos há de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar†(1 Pe 5:10). Jovem, a vida de Deus entrou em nós como uma semente, mediante a Palavra (1 Pe 1:23). Agora, para que sejamos aperfeiçoados, firmados, fortificados e fundamentados, essa vida deve crescer em nós. Quando a vida de Deus cresce em nós, Seus atributos se tornam manifestos e assim, não haverá dúvidas, nem da nossa parte, nem da parte daqueles que nos rodeiam, de que, de fato, somos filhos de Deus.
Filhos refinados como ouro
Precisamos, ainda, dar atenção à expressão “depois de terdes sofrido por um pouco†em 1 Pe 5:10. Pedro disse isso por que sabia que as várias provações por que passara contribuÃram para que a vida de Deus tivesse crescido nele. Durante as provações, as impurezas em nossa alma, o velho procedimento, o curso do mundo, as inclinações da carne e todas as coisas negativas são manifestas. Foi por isso que Pedro comparou o crescimento de vida com o processo de refino do ouro. Para ser refinado, o ouro é colocado no crisol, ou cadinho, e submetido a temperaturas superiores a 1.100° Celsius. O ouro tem peso especÃfico muito alto, pois é um dos elementos de maior densidade da tabela periódica. Portanto, ao fundir-se, decanta rapidamente para o fundo do crisol, expondo elementos de outra natureza à superfÃcie. O ourives então, usa uma espátula para remover aquelas impurezas.
O mesmo ocorre conosco. Durante as situações de pressão, quando sofremos injustiças ou quando somos aborrecidos de alguma maneira, o nosso temperamento vem à tona. As provações em si não nos ajudam a mudar, mas, se, em meio aos problemas, percebemos as impurezas em nosso coração, nos arrependemos e nos voltamos ao Senhor, Ele fará o trabalho de ourives, e nos purificará (Ml 3:3). É assim que pouco a pouco somos depurados e a fé é confirmada em nós. Por fim, esse processo redundará em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo (1 Pe 1:6-7). Isto significa que o Senhor nos depura, ou nos julga, hoje para que, em Sua vinda, sejamos aprovados. É por isso que Pedro afirmou que “a ocasião de começar o juÃzo pela casa de Deus é chegada†(1 Pe 4:17).
O amor é o teste do DNA
Finalmente, Jovem, para ser conhecido como filho de Deus, você precisa de alguns indÃcios de que passou pelo fogo. Você precisa ser como carvão em brasa e como uma tocha de fogo (Ez 1: 4, 13). Esses dois aspectos podem ser vistos nas epÃstolas de Pedro. Em 1 Pedro 2:2, vemos o primeiro deles: desejar ardentemente o genuÃno leite espiritual. Desejar ardentemente indica um coração aquecido, como um carvão em brasa. Não podemos deixar nossa comunhão com Deus esfriar-se, nem apagar-se. Pelo contrário, devemos buscá-Lo e amá-Lo cada dia mais. Esse coração ardente é algo interior, e não pode ser realmente percebido apenas em atitudes exteriores. O outro sinal do fogo, que não pode ser imitado, nem criado artificialmente, é o amor. Em 1 Pedro 1:22 lemos: “Tendo purificado a vossa alma, pela vossa obediência à verdade, tendo em vista o amor fraternal não fingido, amai-vos, de coração, uns aos outros ardentementeâ€. Quando amamos ardentemente, somos como tochas de fogo, e tal condição é visÃvel.
O verdadeiro amor é intenso, não fingido, não se cansa, nem se exaspera. Não se ressente do mal, tudo suporta, tudo crê, tudo espera. O amor jamais acaba. E todo aquele que ama, é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama, não conhece a Deus, pois Deus é amor (1 Jo 4:7-8). E nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor, e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus, nele (1 Jo 4:16). Jovem, o amor não é teórico. Ele tem de se manifestar na maneira com que tratamos as pessoas, na maneira com que acatamos e respeitamos nossos pais e o os irmãos que cuidam de nós. O amor se manifesta em servirmos, em sermos voluntários, em sairmos para pregar o evangelho. Ele se manifesta ao mantermos um bom testemunho, que leve as pessoas que nos rodeiam a perceber uma vida diferente em nós.
Não se desanime caso não perceba um amor tão forte em você. Segundo a experiência relatada em 2 Pedro 1:5-7, o amor é o último estágio, a manifestação mais elevada, do crescimento da vida de Deus em nós. Procure desfrutar, experimentar, o Senhor em cada situação, e nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que, no Dia do JuÃzo, mantenhamos confiança; pois, segundo Ele é, também nós somos neste mundo (1 Jo 4:17). Jovem, seja conhecido como filho de Deus, expressando o amor de Deus e “vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus†(1 Jo 3:1).
(Texto escrito para a coluna “Corre e fala a este Jovem”, em abril de 2008)
Tags: Fibonati, filiação, santificação
Trackback from your site.